“Carta aberta.
Recife,
31 de janeiro de 2017.
Venho,
por meio desta, anunciar meu desligamento da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
A decisão é pessoal e chega neste momento pelo particular desejo de me lançar a
novos desafios profissionais.
Deixo
a instituição federal com a convicção de que ofereci o melhor de meus esforços
para disponibilizar ao bem público e à população, que é sua usuária e
beneficiária em primeira instância, um serviço dedicado, adequado e, por que
não dizer, amoroso com a função que me foi confiada em abril de 2001.
Cheguei
à Fundaj em 1998 como estagiário para atuar numa coordenação que ainda estava
em gestação. Na avaliação, fui entrevistado por servidores da casa, como Moacir
dos Anjos (então coordenador e curador de Artes Visuais) e Silvana Meireles
(diretora do então Instituto de Cultura da Fundaj), para assessorar Kleber
Mendonça Filho, com quem já mantinha, há cerca de um ano, uma relação amigável
com a afinidade própria de dois cinéfilos.
Em
2001, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso e já atuando como profissional
do jornalismo, fui convidado por Silvana Meireles a dividir com Kleber Mendonça
o mesmo cargo de coordenador do Cinema da Fundação. Entre outros objetivos,
Silvana desejava um interlocutor para Kleber na construção do conceito
curatorial do cinema como também para dividir as funções administrativas.
Naquele
2001, o Cinema da Fundação, na unidade do Derby, estava com pouco mais de dois
anos de seu funcionamento desde sua inauguração. Conquistando aos poucos o seu
espaço no Recife, mas com segurança, a sala do Derby fizera em 2000 um público
anual de 23.744 pagantes. Já ao final de 2001, a contabilidade anual
foi de 48.043 espectadores. Em termos percentuais, o espaço havia aumentado o
seu fluxo de freqüentadores em 100,023% em relação ao ano anterior.
Não
havia segredo para explicar esse resultado. Havia o acerto de um trabalho
dedicado realizado por uma pequena equipe com a junção de dois coordenadores
afinados, resolutos e apaixonados pela ideia de transformar o Cinema da
Fundação num lugar referencial em termo de qualidade técnica e programação
cinematográfica.
Em
2005, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, houve uma reestruturação geral no
organograma de funções, no âmbito federal, que abarcou a Fundaj,
disponibilizando um novo cargo e criando uma hierarquia na Coordenação de Cinema.
A novidade beneficiava, com justiça, Kleber Mendonça mas, como já foi dito por
ele próprio, ela [a hierarquia} existiu apenas oficialmente, nunca na prática.
Em
dezembro de 2016, o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco – já com duas salas,
tendo a segunda sido inaugurada na unidade Casa Forte há apenas 17 meses,
durante o governo Dilma Rousseff – atingiu o impressionante número total de
815.159 espectadores durante todo o período, até então, de seus 18 anos e sete
meses em atividade.
Importante
registrar que o êxito e o benefício do Cinema da Fundação à sociedade não devem
ser mensurados apenas por números. Desde o início fazendo parte de um cenário
proficiente na criação cinematográfica, que projetou o cinema feito em
Pernambuco para o mundo, o espaço da Fundaj foi personagem ativo nesse
desenvolvimento como local de formação para realizadores. Guardo comigo uma
particular satisfação por saber que contribuí, nos últimos 16 anos, ajudando na
moldura dessa realidade.
Quero
agradecer ao presidente da Fundaj, Luiz Otávio Cavalcanti, com quem tive uma
relação cordial, por confiar a mim a gestão interina da Coordenação do Cinema
nos últimos três meses.
Encerro
oferecendo meu maior agradecimento a minha equipe durante todos esses anos e,
particularmente, à turma atual encabeçada pelas dedicadas Vera Cavalcanti,
Paula Guerra, Rosy Silva, Selme Galvão e João Ferreira, assim como aos
talentosos estagiários Juliana Soares Lima e Thiago Monteiro. Todos pilares
sobre o qual se sustenta o Cinema da Fundação.
O
especial agradecimento é a Kleber Mendonça Filho, que não era apenas um colega
na Fundaj, mas um irmão com quem aprendi no período em que crescemos
profissionalmente e no amor pelo cinema.
Desejo
sucesso à nova gestão do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, instituição que
admiro.
Obrigado.
Luiz
Joaquim”
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